quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

VIDA A BORDO


Já imaginaste como seria uma viagem numa frágil caravela perdida na imensidade dos oceanos na procura de novas terras?

 As instalações eram reduzidas para o número elevado de tripulantes e passageiros sendo as viagens mais penosas por falta de um mínimo de conforto.

Tornavam-se longos os meses e os dias no alto mar quando os marinheiros apenas viam água e o navio avançava lentamente para o desconhecido…

Para além das tarefas que ocupavam o dia a dia do marinheiro, quando os perigos de uma tempestade pareciam adormecidos cumpriam-se os deveres religiosos, assistindo à missa e participando na procissão organizada conforme o calendário religiosos. Quando a tormenta ameaçava, os ventos rugiam, o navio baloiçava ao sabor impetuoso das vagas, era preciso pedir o auxilio divino já que a morte parecia espreitar a todo o momento.

Porém, quando o cenário se modificava e à tempestade se seguia a acalmia as tripulações ocupavam parte do seu tempo nos ensaios e representações teatrais. Outra das grandes distracções a bordo eram jogos de sorte ou azar. Proibidos pelos regulamentos de bordo, numa tentativa de evitar discussões e distúrbios, eram todavia uma prática corrente. (..)

A alimentação das tripulações era complicada. A quantidade dos alimentos que o navio levava era calculada de acordo com a duração da viagem o número de pessoas a bordo. Os tripulantes tinham uma distribuição diária assegurada de biscoito, água e vinho. A carne, o peixe, os frutos secos ou frescos e o queijo também faziam parte da alimentação.



As refeições quentes não eram frequentes, faltava a bordo um cozinheiro e uma caldeira comum.


Quando as viagens  e prolongavam e não era possível o abastecimento, os alimentos faltavam e muitas vezes eram comidos deteriorados. (…) Com uma alimentação tão precária a que faltavam as verduras e os frutos frescos, não admira que as tripulações fossem atingidas pela doença. O escorbuto, doença provocada pela falta de vitaminas provocou um número muito elevado de vítimas entre os marinheiros.
Rui Abreu, “Saúde e doença nas naus” in A viagem que mudou o Mundo